Perante uma nação, o aborto não é questão religiosa, é questão de saúde pública.
A mulher que sente a necessidade de cometer um aborto, tendo ou não o amparo da rede de saúde, o fará!
Se o objetivo é coibir o aborto e/ou assegurar a continuidade da vida, pelo menos a da mulher, é sensato dar-lhe a assistência necessária.
Disponibilizar tratamento físico, psicológico e emocional - com um trabalho bem estruturado, antes da realização do procedimento médico físico, provavelmente induzirá muitas dessas mulheres à desistência da realização de tal ato.
Ignorar a realidade dizendo, com um puritanismo hipócrita, que "O Estado Brasileiro é contra o aborto e a favor da vida!" não garantirá a continuidade da gravidez.
As mulheres desesperadas por razão de uma gravidez indesejada, sem apoio do Estado, sem apoio da família e massacrada por nosso asqueroso modelo social patriarcal, cometerá aborto ilegal sim e, provavelmente, morrerá!
Mulheres em tais situações, muitas vezes não tem esclarecimento algum sobre os procedimentos médicos e perigos da realização de um aborto, as consequências físicas e psicológicas recorrentes, dentre outros detalhes. São mulheres desesperadas e ignoradas pelo Estado.
A atenção do Estado voltada a mulheres nesta situação é questão de saúde pública. Se atendida diminuirá consideravelmente o número de abortos bem como as mortes de mulheres. Veja os dados apresentados abaixo:
- O aborto ilegal mata uma brasileira a cada dois dias.
- 15% das mulheres que abortam são católicas, 13% protestantes ou evangélicas, 16% de outras religiões e 18% não responderam ou não têm religião.
- Segundo o Ministério da Saúde, o aborto é a quarta causa de mortalidade materna no país. No nordeste chega a ser a maior causa.
Aos militantes religiosos de plantão eu deixo o alerta: Influenciar o Estado, que deveria ser laico e igualitário, a negar apoio às mulheres, também incorre em culpa caso elas venham a falecer pelo descaso do mesmo.
É ridículo assistir aos debates sobre o assunto entre os candidatos à presidência de nosso país. Tratam o assunto como se fosse, simplesmente, questão de posicionamento pessoal.
Precisamos de governantes que olhem para a nação brasileira como um todo e faça política sem exclusão, sem basear-se em preceitos (diria: preconceitos) religiosos.
O Brasil entrou em um loop infinito de desagrados, de greve da cidadania e desespero dos que se propõem a pensar a política e a sociologia por um instante que seja.
Aqui nós temos meios contemporâneos de apedrejamento de mulheres (as tidas como prostitutas ou promiscuas) e fogueira de bruxas - O Descaso!
Por fim, nossa Constituição está sendo desrespeitada. Quando lemos nela que somos iguais perante o Estado, a prática nos mostra que para os governantes e os pretensos ao governo, ela é tão inútil quanto o jornal da semana passada.
Definitivamente, não temos bons candidatos! Os debates são inconsistentes e vergonhosos! Temos pura confeitaria no circo de descaso que é o Brasil!
Fontes: Universidade Livre Feminista e Revista Época
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